[conto] Quando Ele Começou a Gostar da Chuva - Parte 1

"Para que todos jamais esqueçam dos que partiram e sempre valorizem do fundo do coração, a presença dos que ainda aqui estão.

Essa é a história de um homem que pela razão na qual mudou completamente sua vida, aprendeu a gostar da doce e calorosa chuva que penetrava sua alma com uma profunda emoção e um significado marcante."

         Foi em um dia como outro qualquer. Não. Na verdade era noite; e era uma noite como outra qualquer, com exceção da bela chuva que caia sobre mim quando eu chegava em casa.

         Esse “chegava em casa” não era simplesmente de chegar de um dia de trabalho ou de alguma coisa do tipo. Fazia quase um ano que eu não via minha família. O trabalho estava me afastando cada vez mais dela e antes que fosse tarde de mais, resolvi largar tudo e voltar para meu lar. E quanto mais perto de casa eu chegava, mais a vontade de ver minha família aumentava.

         Meu lindo filho; minha esposa maravilhosa. Ambos deviam estar esperando inquietamente por mim. Percebi que coisas simples como essas são infinitas vezes mais valiosas que qualquer coisa trivial como uma grande promoção no trabalho.

         Muitas pessoas correndo, se escondendo, fugindo da chuva; mas era quase impossível. Uma chuva como aquela de tamanha força e imponência alcançava até mesmo desertos encontrados no mais profundo interior dos corações de qualquer ser.

         E nesse momento eu não fazia o menor esforço para se quer desviar de uma única gota. Cada segundo naquele momento me presenteava com sensações de bem estar e felicidade no qual eu não imaginava sentir apenas por ficar na chuva. E eu não me lembro de ter feito nada de bom para merecer aquilo. É engraçado, mas lembro há um tempo o que mais me fazia odiar a chuva era o fato de molhar meus pés; quanta criancice...

         Falando em criancice, lembro também bem que nos tempos de menino, certo alguém costumava me dizer que quando uma pessoa muito boa e querida para você morria, uma bonita chuva caia no mesmo dia. Até aquele dia não havia reparado isso, mas essa antiga crendice talvez escondesse um tanto de verdade. Pois no dia daquela mesma noite chuvosa havia morrido uma pessoa realmente boa e querida por todos. Uma das moradoras mais antigas da rua; conhecida por ser a “curandeira”.

Continua...

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Quando Ele Começou a Gostar da Chuva - Parte 2