[conto] A Última Canção de Halloween - Parte Final


O mundo estava com medo. Não apenas a humanidade, mas todos os seres vivos e a própria terra podia sentir o quão catastrófico era aquele combate; Magias incríveis antes vistas apenas nos mais fantasiosos contos lendas antigas. Mesmo quem estivesse do outro lado do mundo podia presenciar a incrível colisão de feitiços e encantamentos que de longe parecia o mais lindo e grandioso dos espetáculos... Mas para quem testemunhou de perto, a visão era da colisão do céu com o inferno.
No clímax da disputa, os Erradicadores foram, com muito custo, destronados pelos Julgamentos Cerimoniais de Aradia. Como se estivessem ali apenas com o propósito de cumprir uma missão que acabara de ser executada, eles lentamente foram desaparecendo, da mesma forma que apareceram quando foram invocados pela bruxa branca: Tomados por pura energia etérea e desaparecendo aos poucos. Com isso, restaram as personagens principais da decisiva batalha no palco da magia: Lilith e Aradia. O duelo se desenvolvia em um ritmo espantoso.
Tomada por uma fúria cada vez maior, Lilith atacava Aradia com suas magias mais poderosas. Enquanto a Mãe Negra era especialista em arrasadoras magias de ataque, A Grande Bruxa Branca possuía magníficos feitiços de defesa. Porém, como vencer uma luta apenas defendendo? Os Julgamentos Cerimoniais já tinham feito seu papel. E, o encantamento que os convocavam, só podia ser usado uma vez na batalha. E mesmo assim, Aradia sabia que mesmo se pudesse convocá-los novamente, não seria o suficiente para derrotar Lilith. Então ela recorreu ao seu último recurso: A Melodia de Todos os Santos.
Este encantamento era o mais poderoso da Bruxa Branca Aradia. “A magia que aprisiona qualquer ser vivo ou morto, por toda eternidade”. Porém tinha um único e fatal risco. Se Aradia não tivesse poder o suficiente para controlar o encantamento, ela própria poderia ser aprisionada sozinha. E esse era seu maior medo; pois como já tinha usado quase todo seu poder na batalha, esse risco era enorme. Mas, mesmo assim ela estava decidida a executar o encantamento. E assim o fez: “Eu, Aradia, A representante da luz e da magia branca, aquela na qual mais uma vez foi permitida caminhar nessas terras, em nome de todos os que já lutaram e hão de lutar pela luz e por tudo o que é puro, suplico a todas as divindades de todas as eras e dimensões, me concedam o direito de conjurar A Melodia de Todos os Santos!” No momento em que conjurava o encantamento, Lilith tentou parar sua rival mas foi inútil pois ela defendeu habilidosamente todos os ataques.
Segundos após o término do encantamento, mais uma cena extraordinária aconteceu: o céu e o chão se abriram e uma grande onda de energia começou a fluir entre eles. Ao mesmo tempo, iniciou-se uma canção que podia ser ouvida pelos quatro cantos da terra e pelo próprio espaço: Tal canção era composta de versos em línguas jamais escritas ou pronunciadas, mas também possuía sentimentos tão profundos que alcançavam a alma de todos ali presentes.
            E, graças a isso o feitiço pode ser controlado por Aradia. Com uma ajuda que nem mesmo ela esperava receber. Conectados por um sentimento singular de fé e esperança todos os seres vivos, portadores da mais verdadeira pureza vinda do fundo de seus corações, lutaram lado a lado com a rainha da magia branca. Em mente, espírito e coração como um único ser, para finalmente superar o poder de Lilith e assim subjugá-la nos os confins da prisão da eternidade. A guerra acabou.
            E, depois da guerra, nenhuma palavra foi dita. O céu e a terra voltavam aos poucos ao normal; Aradia agradecia a todos que estiveram ao lado dela na batalha; principalmente àqueles que sacrificaram de forma altruísta pelo bem da humanidade. Pelas crianças; por  todos.
            As almas das doces gêmeas Lilian e Julian, não retornaram ao nosso mundo assim como a de muitos outros. Mas, com certeza, todas essas almas agora estão em um lugar mais pacífico; aconchegante. Elas conseguiram a eterna felicidade. Lágrimas de tristeza e felicidade se misturavam entre todos aqueles que sobreviveram àquela batalha de proporções dimensionais. Dentre esses personagens que nada diziam e apenas choravam para demonstrar o quanto tristes e agradecidos estavam, A mãe Beatriz e o pai Walter Wandergrim receberam em especial uma última mensagem de Aradia antes que essa partisse:
“Para que as lágrimas de dor possam ser enxugadas com as mãos do tempo e da superação, deixarei aqui neste lugar já sagrado em nome e em história, para todo sempre, um singelo, porém verdadeiro presente de agradecimento e que por meio deste, jamais seja esquecido que o mundo foi abençoado um dia com a presença de almas tão puras e especiais. Julian e Lilian Wandergrim. E assim me despeço. Que todos vocês sejam abençoados pela magia branca; nessa vida e na outra e na próxima e sempre. Adeus, filhos da luz!”
            E assim ela partiu. Nas brumas e brilhos cintilantes que a trouxeram. E o presente que ela deixou foi uma maravilhosa estátua das irmãs Wandergrim. Uma estátua onde Julian está carinhosamente envolvendo Lilian em seus braços. E com o rosto perto do ouvido; como se estivesse cantando baixinho uma canção de ninar. Uma canção que manda tudo que é mal e aterrorizante para longe. Bem longe... Dizem que depois de muito tempo a estátua permanece lá. Sem nenhum traço de passar do tempo. Como se rejuvenescesse a cada dia e, contam também que no dia de todos os santos, pode-se ouvir claramente ao chegar perto da estátua uma linda e comovente canção. A Última Canção de Halloween.

Fim

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