Parte
1
No desespero de uma noite dominada
pela perseguição, ela corria... Corria como se cada longo passo dado, fosse o
último recurso na qual sua vida dispunha. Mas correr não era o bastante.
Naquela noite tudo estava contra
ela; os diversos buracos na estrada esquecida pelo tempo. As luzes a tinha
abandonado para restar apenas o consolo de um raquítico brilho de estrelas que
desesperadamente tentavam contra as grossas e cinzentas nuvens que nem mesmo a
própria lua permitiam que fosse mostrada. O frio também era inimigo dela.
Fortes rajadas de vento eram disparadas como álgidas lâminas contra o pequeno
corpo daquela jovem que não fazia nada além de correr. E um dos seus maiores
oponentes era a própria noite. Tão escura, tão silenciosa, tão vazia... Tudo
isso caía sobre a pobre moça atemorizada com tanto vigor que aos poucos tomavam
o que tinha restado de sua energia. Ela já não sentia direito seu corpo. Estava
perdendo suas forças.
Mas por que ela corria tanto? Quem
ou o que tinha enterrado em seu interior tanto medo? A resposta era simples:
homens. Porém não eram homens quaisquer. Tratava-se de indivíduos cegos pela
sua própria insanidade causada pelo vicioso hábito de perseguir; de violentar. E a nossa jovem protagonista que depositou
todas suas esperanças em sua incontrolável fuga era o alvo preferido dos cruéis
perseguidores noturnos; jovem de pele cândida, grandes e vívidos olhos azuis; uma
esplêndida cachoeira capilar dourada que escorria até os quadris simetricamente perfeitos. Toda
essa magnificência e beleza pertenciam a uma jovem de dezenove anos que
naquela noite estava incorporada a um curto e justo vestido vermelho que
incitava ainda mais os degenerados violadores. Vocês sabem quais as sujas
intenções estão envolvidas aqui então não preciso mais me aprofundar nos
detalhes. Me enche de nojo... Jamais teria aceitado narrar esse conto se não
fosse pelo fascinante personagem que surgiria não muito tempo depois que a
garota já sem forças se entregou a fadiga para ir de encontro ao inexpressivo e
indiferente asfalto cheio de buracos. E caso estejam se perguntando quem é o
narrador dessa insólita e horripilante trama, poupem seus esforços, pois sou
tão importante quando o mais invisível dos figurantes.
Ali estava ela: fraca, cansada e
totalmente indefesa... Quase perdendo a consciência pelo notável e inútil
esforço que fizera para escapar de seus perseguidores. Porém esses se
aproximavam cada vez mais, mas agora bem lentamente. Como se quisessem
aproveitar ainda mais o sabor de sua vítima antes mesmo de encostar-se a ela.
O que fazer? Gritar? Ela mal tinha
forças para sustentar a ofegante e descontrolada respiração. Então o que
restava para a infortunada protagonista era esperar pelo seu horrendo destino.
A única “sorte” que ela podia contar naquele momento era a de perder totalmente
a consciência devido ao estado de choque. Assim, pelo menos não testemunharia
seu próprio infortúnio.
No último minuto antes de ser
atacada, seus olhos fitaram com total pavor as expressões dos violadores:
largos sorrisos pregados em faces cheias de maldade com olhares monstruosos que
fariam qualquer cardíaco ter um súbito ataque.
Mas antes que qualquer outro
movimento fosse feito, um vulto rasgou a noite prostrando-se ante aqueles três
personagens causando uma verdadeira cena de horror. Os violadores não tiveram
tempo nem de olhar para trás para descobrir a identidade da ágil e misteriosa
silhueta que acabara de surgir. Em um intervalo de dois segundos seus corpos
estavam entregues ao chão. Desfalecidos. Banhados pelo próprio sangue...
Continua...
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